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Gabriela Souza
Conhecido como repositor de energias, é rico em proteínas, vitaminas, fibras e ferro

O açaí é uma fruta que, gradativamente, tem ganhado espaço no Estado. Começou através dos surfistas, a beira das praias, passou a ser consumida pelos freqüentadores de academia e esportistas e, hoje, já não há mais um perfil específico dos adeptos a esse produto. Desde o início, o açaí foi utilizado com o intuito energético, já que é rico em proteínas, fibras, vitaminas, cálcio e ferro. A forma de consumo fica a gosto do cliente, seja como suco, sorvete, na tigela, gelatina, torta, vitamina, entre outras.

Devido ao seu gosto e textura peculiar, ou você ama, ou odeia consumir açaí. A estudante Mariana Costa disse que não consegue gostar do produto. “Já tomei várias vezes, mas não consigo me adaptar ao aspecto terroso que ele possui”, afirmou. Já a estudante Marina Ribeiro, tomaria todos os dias se fosse possível, de preferência, acrescentando morango e leite ninho. Existem ainda, aqueles que nunca experimentaram o produto, é o caso de Louise Maestri. “Nunca tomei açaí, não porque não goste, mas porque nunca tive curiosidade de conhecer”, analisou Louise.

O comerciante Darlon Pegoretti trabalha com esse produto há quatro anos e meio e possui dois pontos de comércio em Vitória. “É muito difícil trabalhar como comerciante de açaí, o consumidor capixaba não é bom, a concorrência existe em todo lugar, mas ele precisa saber onde procurar o produto de boa qualidade”, declarou. O custo do açaí é elevado, mas muitos comerciantes tentam lucrar acrescentando componentes como água ou uma fruta chamada Juçara que, misturada ao açaí, pode não ser percebida, mas possui qualidade inferior ao fruto do açaizeiro.

Valor calórico

Pegoretti ainda argumenta que a mídia começou a divulgar de forma demasiada e, muitas vezes, errônea dizendo que o açaí é altamente calórico e não recomendado para pessoas sedentárias. “Ele não é calórico de forma alguma. O problema é a inclusão dos chamados adicionais (Aveia, castanha, chocoball, granulado, leite condensado, paçoca, sucrilhos, leite em pó, entre outros) ao produto. Se a pessoa coloca banana, mel e granola, é claro que ele vai ficar calórico, mas 100g dele puro contém apenas 45 calorias”, esclareceu.

A professora de nutrição, Sheilian Mara, diz que o valor calórico do açaí depende da dieta habitual da pessoa. “Para quem tem uma dieta desregulada, juntamente com fast-foods, pizzas e outros alimentos, o açaí se tornará um elemento calórico, graças aos hábitos errados. É preciso entender a que o açaí está sendo associado para, então, saber se ele trará benefícios ou não de acordo com os interesses do indivíduo no consumo do produto”, avaliou.

O risco da doença de Chagas

O açaí não preparado de forma correta pode causar sérios riscos ao organismo de um indivíduo. O processo de trituração e congelamento não são suficientes para matar o protozoário Tripanosoma Cruzi, causador da doença de Chagas, mas sim, o processo de pasteurização. A contaminação feita através do tubo digestivo não é comum, porém, através do açaí e da cana-de-açúcar mostrou-se que isso é possível.

A doença de Chagas não tem cura. O professor de Bioquímica, Gamaliel Pires, mostra como o protozoário age no organismo. “O Tripanosoma Cruzi parasita o coração, mais especificamente, o músculo cardíaco, causando lesão e, consequentemente, o que se chama de cardiomegalia, que é o aumento do coração. A partir de então, ele já não tem força para bombear sangue e nutrir os tecidos do corpo”, explicou. Apesar de não possuir cura, o indivíduo pode viver mais de 30 anos com a doença, depende do organismo de cada um, pois, com o tempo, a doença se torna crônica.

O professor orienta saber quem é a fonte que fornece a matéria prima e também tranqüiliza o consumidor. “Hoje em dia todo mundo toma açaí, e o número de pessoas que morrem dessa doença é pouco, não é uma doença comum. Além disso, são muitas as etapas até a contaminação de um indivíduo, não é um processo simples, depende de vários fatores”, contou. Os sintomas da doença são fadiga e cansaço e as áreas de maior ocorrência dos casos são na região Norte e na Bahia.

Conheça a lenda

No local onde existe o açaizeiro, no Pará, existia uma tribo indígena. Nesse período a tribo passava por dificuldades na obtenção de alimentos para todos. Diante disso, o cacique da tribo determinou que todas as crianças que nascessem a partir daquela data deveriam ser sacrificadas. A filha do cacique, Iaça, deu a luz um filho ainda nesse momento, mas ele também não poupou a vida de seu próprio neto.

Ela sentia muitas saudades do filho, foi quando ouviu um choro de um bebê que vinha de uma palmeira. Quando se aproximou, viu que era seu filho, porém, ao abraçá-lo, ele desapareceu. O cacique, sentindo falta da presença da filha, foi procurá-la e a encontrou morta, abraçada a uma palmeira e olhando os frutos escuros que nela havia. Percebeu, então, que esse era o alimento do qual a tribo necessitava. Imediatamente suspendeu a ordem de sacrificar os bebês e, em homenagem a ela, deu ao fruto o nome de Açaí, Iaça ao contrário.