undefined
undefined
Consumidores afirmam desconhecer o quanto de imposto é embutido no preço dos produtos
.
.
A cesta básica capixaba é a terceira mais cara do país e está à frente de grandes capitais como Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Recife e Fortaleza, é o que registra o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, Dieese. A cesta nacional é composta por arroz, feijão, farinha de mandioca, carne de boi, manteiga, leite, óleo de soja, açúcar, batata inglesa, tomate, banana prata, pão francês e pó de café. Nesses produtos, são levados em conta a incidência de tributos como Contribuição para o Financimento da Seguridade Social, Cofins; Programa de Integração Social, PIS, ambos de competência da União, e o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços, ICMS, este de competência dos Estados.
Apesar da cesta básica capixaba ser uma das mais caras do país, consumidores afirmam desconhecer o quanto de imposto é embutido no preço dos produtos, é o que relata o engenheiro mecânico Pedro Ferraz. “Enquanto consumidor, sei que a carga tributária é alta, mas não tenho a consciência de vincular as variações de custo de um produto básico com a carga tributária que está embutida nele, porque o aumento dos valores pode ter sido por causa da safra, ou por causa do preço da importação, ou seja, por vários fatores”, disse Ferraz.
A operadora de caixa de um supermercado em Vitória, Josiele Paz, diz que o consumidor sente essa oscilação de custo na hora de pagar. “Constantemente as pessoas deixam de comprar alimentos por ver que a conta ultrapassou o que eles haviam esperado, até mesmo quando vão pagar com o cartão. Mas eles tiram as mercadorias que não são tão importantes, porque os alimentos básicos, o consumidor não pode deixar”, afirmou Josiele.
Em recente pesquisa realizada em dez capitais brasileiras pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, IPEA, indicou que a carga tributária incidente sobre os alimentos da cesta básica é o principal fator que mantém a desigualdade social e de pobreza no Brasil. A pesquisa evidenciou que nas regiões metropolitanas de Fortaleza, Salvador e Belém a carga tributária sobre a cesta básica atinge o patamar de 16,2%. Nas regiões de Porto Alegre, Curitiba, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Goiânia e Recife esse índice representou 13,48% do custo final dos alimentos.
O economista Geraldo Harb analisa a pesquisa e demonstra o quanto a classe mais pobre é penalizada. “O estudo mostra que se o Governo, Federal e Estadual, implementasse a isenção dos impostos para a cesta básica, o ganho real para as camadas mais pobres da sociedade seria de 8%, enquanto que a arrecadação tributária diminuiria apenas 6%. Com isso, o Brasil desenvolveria uma política de distribuição de renda mais justa e equânime”, observou o economista.